segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Os estoicos


Os estóicos

.. O estoicismo é uma escola filosófica greco-Romana, surgida dentro do contexto das escolas morais do helenismo, que se tornará a mais influente da época imperial.

.. Tal como outras escolas morais, pressupõe algo mais do que uma corrente filosófica: é também um estilo de vida e uma concepção do mundo, e adjetiva um certo tipo de caráter ou de atitude diante da vida: a aceitação de qualquer fatalidade com Fortaleza e de forma paixonada, atendendo mais ao próprio temple de espírito do que ao controle dos avatares da vida.

.. A sua origem ideológica mais remota relaciona-se com as tradições astrológicas da antiga Mesopotâmia, que partem da base de que o destino está escrito.

EVOLUÇÃO EVOLUÇÃO EVOLUÇÃO

......... dada a sua preponderância no pensamento filosófico da época romana, sofre um maior desenvolvimento do que outras escolas, dando lugar à sua divisão em três fases: Antigo, médio e novo. O ambiente eclético e até sincretista da época faz com que receba a influência de outras correntes helenísticas muito marcantes, como o platonismo (meio e novo) e o pitagorismo. Como característica comum à sua linha evolutiva, destacamos a tendência crescente para o monoteísmo e a maior preocupação com temas de caráter moral, que dominarão sobre os físicos e lógicos. Influencia grandemente no cristianismo.

Fases

Antigo

Os autores mais destacados são: Zenão de citio, fundador da corrente e da escola estóica; e seus discípulos: Aristo de quios, cleantes e crisipo (1).

Preocuparam-se com questões físicas e relacionadas com o destino e a divindade (o tempo, os deuses, os fins...) denotando a sua filiação com as tradições astrológicas, analisando também a partir desta perspectiva a vontade, a amizade, a sensação, o amor , as virtudes, etc. Caracterizam-se pelo naturalismo e racionalismo.

Meio

Podemos citar como mais notáveis a posidónio e panécio. Este último influenciou pensadores que, formalmente, pertenciam a outras escolas. Esta época é marcada pela tendência para o sincretismo (mistura ou fusão de diferentes doutrinas) e a universalidade de interesses intelectuais. Dentro deste sincretismo destacam-se os traços platônicos e pitagorizantes. Nota-se já uma tendência para o parangolé ou politeísmo hierarquizado, sendo menor o interesse pela física e maior por assuntos morais e humanos (2).

Novo

Os mais destacados são sêneca, epicteto e Marco Aurélio (3). Neste estoicismo novo ou imperial destacam-se as preocupações religiosas. Os seus autores vão influenciar o neoplatonismo e o cristianismo, e tiveram grande influência política no império. Os temas são variados, destacando a lógica, física e ética. Em Física destaca-se a influência do pensamento de Heráclito: o universo é um contínuo dinâmico mas cercado pelo vazio; o fogo é o principal princípio ativo. O Universo é um composto de elementos reais e racionais. As preocupações religiosas são aumentadas e acentua-se ou consolida a tendência para o monoteísmo.

Doutrina

........... eles também defendem que o fim da ação é a felicidade, mas esta se alcança por meio da virtude, não do prazer.

........... por virtude entendem auto-suficiência, auto-suficiência (autarcia). É a vontade de acordo com a natureza. Se o universo é racional e ordenado, como pensam, Deus ou os deuses não farão nada desprovida de sentido. Essa é a primeira máxima que é preciso aceitar para alcançar o domínio de si mesmo e a fortaleza de Espírito, a verdadeira virtude. Para isso (e com distinta insistência de acordo com as épocas, degressiva segundo evolui) é preciso poder saírem-los dos bens externos (ao máximo no antigo) ou moderarlos e supeditarlos aos internos (no novo).

. Eles partem de uma cosmologia unitária (o universo é um todo) e harmônica. Assim como o homem, o universo tem um corpo material e uma alma racional, a que chamam de "alma do mundo". dessa alma universal participa a alma humana. Daí que a compreensão do universo leve para a virtude e para a aceitação do destino.

........... identificam o logos ou razão universal com Deus (Lembremo-nos que, no aspecto religioso, evolui em direção ao monoteísmo). Viver de acordo com a natureza é viver racionalmente; este é o primeiro imperativo. O natural é racional. Este viver de acordo com a natureza é o que constitui a virtude.

.......... o mundo é, portanto, racional e justo. O mal é o oposto à razão do mundo: o vício e as paixões que destroem o equilíbrio. Para conseguir o estado de eudaimonia, o homem deve libertar-se de toda inquietação, fruto do desejo de coisas externas. Assim consegue o domínio sobre si mesmo (autarcia).

.......... desta forma, o seu ideal de virtude é a apatia: ausência de paixões. O prazer, a tristeza, o desejo e o medo são irracionais; o sábio deve saírem-lo disso.

Características

. São racionalistas e determinísticos: acreditam em um destino escrito e com sentido racional. A fé nessa racionalidade, a aceitação das vicissitudes da vida e a ênfase na fortaleza espiritual os aproxima e, ao mesmo tempo, influencia as configurações da doutrina cristã.

Comparação com outros autores

· Em relação a Aristóteles, o mais importante é destacar a sua distinta concepção da virtude e do conhecimento, com olhas para a realização intelectual.

· Junto com os epicuristas, constitui uma das mais influentes escolas morais do helenismo, visando oferecer receitas para o saber viver. Combina também com eles na concepção do autocontrole e no conhecimento de um mesmo, mas diferem basicamente na rejeição da abordagem materialista do prazer e na sua insistência nessa racionalidade presente tanto no universo como em cada ser humano, o que aproxima e assemelha-se. Aos homens com a divindade.

· A partir desse sentido da virtude tão próxima do dever moral, tem-se comparado muitas vezes a Kant com esta escola, embora não seja preciso esquecer a diferença fundamental: Kant sem da felicidade em sua abordagem da ética, pois toda meta como conteúdo Transforme os imperativos morais em meramente hipotéticos.

1. Zenão de zitio (Chipre, 335-264 A.C.): Fundador do stoa (o pórtico), em Atenas, discípulo de um cínico, cuja influência se nota na sua concepção da natureza. Aristo de quios (320-240 A.C.) destaca-se pela sua rejeição ao saber sobre a natureza e a lógica por serem incertos e inúteis, defendendo exclusivamente o estudo da virtude. O seu ideal de sábio, pois. Cleantes (331/0-233/1 A. C) destaca-se pelos seus tratados de ética e política, e escreveu um hino a Zeus que influenciou consideravelmente na religiosidade estóica. No que diz respeito a crisipo (281-208 a. C), salientamos que, de acordo com Diógenes Laercio, destacava pelo seu diligência e seu interesse dialético.

2. Panécio (185-110/09 A. C) nasceu em rodes; viveu em Roma e mais tarde foi escolarca em Atenas. Introduziu Algumas mudanças em relação ao estoicismo antigo, em cosmologia e política, terreno este em que se baseia nas teorias de Platão e Aristóteles, em que fundamenta também as suas teorias sobre a alma e os seus faculades. Também moderou o conceito de apatia e valorizou mais o papel dos bens externos, com uso moderado, para a realização da felicidade. Promulgou o humanismo universalista: o homem deve viver de acordo com a sua própria natureza, mas esta nunca é incompatível com a natureza universal. Posidónio (15 o-35 A.C.) foi discípulo de panécio e mestre de Cícero e Pompeu. Fundou em rodes o que é conhecido como a escola estóica de rodes. Manifesta tendência para o sincretismo incorporando ideias platónicas e aristotélicas. Na sua tendência para o universalismo, considera-se já "Cidadão do mundo". em suas explicações cosmológicas, concebe a realidade como um todo harmonioso integrado, estruturado gradualmente da matéria ao divino. O homem é um microcosmo-reflexo do macrocosmo -, e é a realidade mais próxima de Deus. As suas ideias influenciaram o neoplatonismo e a patrística.

3. Sêneca (4-65 D.C.). Nasceu em Córdoba e viveu em Roma, na corte de calígula e de Claudio, e depois de Nero, de quem foi tutor e sob cuja ordem se suicidou. De caráter marcadamente moral, a sua filosofia distingue estas questões das naturais. Para Ele a filosofia é basicamente prática, a "Arte de saber viver", alcançando a paz e serenidade de ânimo com que identifica a felicidade. Para isso, o homem tem de se contentar com o que tem, se nbuscar o externo. Nisto inclui os saberes; o único conhecimento necessário e interno é o conhecimento do bem. Epicteto (50-138 D.C.), natural de hierapolis (Frígia), era um escravo liberto em Roma. De marcada atitude religiosa, muito próxima da cristã, acredite em um Deus pai transcendente e com o qual o homem pode estabelecer comunidade. O fundamental para ser sábio é distinguir o que depende de um mesmo e o que não. Assim, dá igual a classe a que se pertença; o controle e conhecimento de um mesmo e da própria vontade é o que dá ao sábio a sua liberdade; l ou verdadeiramente nos escraviza são os desejos e as paixões. Marco Aurélio (121-180 D.C.). Influenciado por epicteto e Sêneca, acentuou os traços religiosos da doutrina estóica. A sua filosofia é mais entregue aos outros do que a dos seus antecessores, que fazem mais ênfase no "si mesmo". concebe o universo como uma grande sociedade da qual todos nós somos cidadãos, e a todos os homens como uma única comunidade unida. Para o amor mútuo.

Para refletir

Procura argumentos em pro e contra a manipulação da vontade é esta, em última instância sempre autónoma? Pense em casos como as drogas, a alienação mental, lamanipulación da informação...

O que traz de positivo e de negativo esta doutrina? Pense em situações ou em personagens que refletem uma atitude estóica.

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