segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Como estudar matemática


Maneiras de Estudar Matemática Como estudar Matemática?
Neste novo projeto de Enem devemos lembrar que a nossa maior responsabilidade diz respeito ao que o aluno consegue adquirir ao longo de sua vida estudantil, A nova metodologia do Enem está mais preocupara em selecionar os alunos que se encontram mais preparados para tomada de decisão de forma técnica e não como a maioria do povo que vai na base do empirismo para suas aplicações financeiras, ou seja, utiliza os meios de informação para decidir o que deve ou não consumir sem a menor preocupação com o futuro de seus ganhos ao longo tempo que passará trabalhando. Este tipo de estudante está agora sendo selecionado pelas exigências constantes nas novas avaliações sendo uma precária tentativa de se aproximar da avaliação de PIZA para o novo milênio, algo que já estamos bastantes atrasados, fiz um resumo do ponto de vista da Universidade Lusofônica de Lisboa - Portugal falando a respeito em como deve-se ensinar e perceber o aprendizado do aluno
Deve dar-se prioridade à compreensão dos conceitos ou à resolução de muitos exercícios? O melhor método (caso exista um melhor método) variará de pessoa para pessoa? Dependerá do grau de ensino e da maturidade do estudioso? Como se dever de estudar Matemática ? Mais concretamente, qual a importância relativa do estudo da teoria e da prática? Entendemos estes termos no sentido que os estudantes (sobretudo os do ensino superior) lhes dão: teoria é o estudo dos teoremas com a compreensão das demonstrações ao pormenor, prática é a resolução de exercícios. Tradicionalmente, os estudantes põem a prática em primeiro lugar. Não só os de Engenharia, mas também os de Matemática. A justificação faz-se com afirmações do gênero: " a prática é que interessa" e "a teoria é coisa livresca". Em algumas matérias, este ponto de vista dá resultados razoáveis, pelo menos para efeitos de exames. Por exemplo, é possível, juntando um pouco de sorte, conseguir algum êxito na discussão de um sistema de equações algébricas lineares com fraco entendimento do que se está a fazer. É também possível calcular derivadas, primitivas e integrais sem perceber bem o que isso seja, mas de modo a alcançar uma pontuação aceitável num teste. Ou traçar uma curva. Para isso basta saber que se a derivada é positiva, a curva sobe, se a segunda derivada for positiva, a barriga da curva é para baixo, mesmo que não se tenha apreendido a definição de derivada nem a de convexidade (basta o conceito de barriga). Pode não se saber bem o que se faz, mas faz-se o suficiente para se obter mais de 50% da pontuação. Há, porém, muitas matérias em que o fraco conhecimento dos quês e porquês conduz inevitavelmente ao desastre. São exemplo disso disciplinas como Topologia e Álgebra, em que aparecem numerosos exercícios que começam com "demonstre que...". São clássicas as queixas dos alunos, mesmo a respeito de problemas muito simples, de que não se vê por onde se lhes pegar, não é como com as derivadas. Há quem pense que nesta maneira de estudar (dando toda a prioridade à prática...) reside uma boa parte da explicação das dificuldades com a Matemática. É que quem se preocupar primeiro com a compreensão fina da teoria, incluindo o estudo das demonstrações até ao mais ínfimo pormenor e sua memorização, notará em breve que sabe o que está a fazer. Que não dará respostas sem tom nem som na esperança de que peguem (para utilizar uma palavra muito comum) porque sabe reconhecer quando não pegam. E notará que muitos exercícios tidos como difíceis não passam, afinal, de meras concretizações de teoremas gerais. Quem tiver os teoremas gerais sabidos, assimilados, digeridos e principalmente bem presentes na memória, resolve de olhos fechados. Agora nós gostaríamos de saber a sua opinião quanto à dicotomia acima descrita.
1. Qual a sua opinião sobre o equilíbrio entre as duas vertentes (i) estudo da teoria, (ii) estudo da prática?
2. Que importância atribui ao estudo detalhado das demonstrações, tanto no ensino superior como no secundário?
3. Fala-se na beleza da matemática. Onde a encontramos, na teoria ou na resolução de exercícios?
Resposta Pergunta 1
Para começar, convém mencionar que a matemática é, por natureza, uma ciência com uma forte componente teórica. Deste modo, a componente teórica assume um papel fundamental, que não pode simplesmente ser substituído pela resolução sistemática de exercícios. É na componente teórica que são adquiridos os conceitos, só sendo possível a sua manipulação quando devidamente introduzidos. E essencial a consolidação dos conteúdos teóricos para posteriormente passar-se à resolução de problemas/exercícios, caso contrário, corre-se o grave risco de se criar maus hábitos de estudo, incutindo nos estudantes técnicas e regras básicas de resolução de exercícios. Este é u m risco a ser evitado, pois é extremamente importante capacitar os estudantes para a compreensão dos conteúdos matemáticos inerentes à resolução dos problemas/exercícios propostos. Há que os incentivar a estimular o seu raciocínio, bem como o seu espírito crítico e criativo. Penso ser vital o conhecimento do trajeto percorrido até à obtenção de uma resposta. Por conseguinte, é fundamental dar-se prioridade à compreensão dos conceitos. Para alcançar esse objetivo terá de existir uma boa articulação entre o estudo da teoria e o estudo da prática, de modo a permitir uma "simbiose" natural entre estas duas componentes. É com a obtenção desse equilíbrio que contribuiremos par a um a melhor formação matemática.
Os exercícios não são mais (nem menos) do que pequenos teoremas suficientemente simples para que seja razoável esperar que os alunos a que se destinam sejam capazes de os demonstrar e, em certos casos, acabar de os enunciar. Quando um aluno resolve o exercício 12 + 5 = ? respondendo "17", está a enunciar um corolário do teorema que legitima o algoritmo da soma que utilizou. A demonstração desse corolário é precisamente a aplicação do teorema-algoritmo a esse caso particular, que tem de ser reconhecido como tal, fazendo, além disso, apelo a um dos importantes resultados que constituem a chamada tabuada. Por este exemplo se percebe que é muitas vezes indispensável conhecer conjuntos de teoremas antes que seja possível estudar pormenorizadamente as respectivas demonstrações; o objetivo, nesses casos, não é escamotear a atividade dedutiva mas, pelo contrário, centrar a atenção na obtenção rigorosa de resultados ao alcance do aluno na fase da aprendizagem em que se encontra. A natureza da própria matemática determina, em cada nível de ensino, quais os resultados que são necessários conhecer sem demonstração, aqueles cujas demonstrações podem ser compreendidas com utilidade em cada momento e, finalmente, os que podem ser deduzidos e demonstrados pelos próprios alunos e que constituem os chamados exercícios. Estes deverão ser suficientes para que o aluno, pelo menos, comece a encarar os resultados fundamentais do curso como essencialmente "familiares".
Creio que a nível inicial o estudo terá de ser apenas prático (os algoritmos das operações aritméticas aprendem-se apenas com a prática); mesmo na manipulação de expressões algébricas ou no cálculo de derivadas, a prática é fundamental! Em níveis avançados, a teoria será mais importante do que a prática, sem que esta última seja excluída. Recordo que na minha aprendizagem, aos 12-13 anos, foi-me ensinado um algoritmo para extração das raízes quadradas; nunca o consegui fixar, pois não via nele nenhuma relação com a raiz quadrada! Parece-me também que para aplicar qualquer noção matemática numa situação nova dever-se-á ter compreendido bastante bem essa noção (nomeadamente com o estudo de demonstrações que a envolvam), isto é, a respectiva teoria e não apenas uma quantidade de algoritmos ou cálculos.
Resposta pergunta 2
Na minha opinião, o estudo das demonstrações (em ambos os níveis de ensino) é extremamente importante. Por um lado, é fundamental que os alunos constatem que os resultados apresentados têm uma justificação natural, que não surgem sem qualquer suporte. Por outro lado, as demonstrações têm a capacidade de estimular a imaginação e, por conseguinte, proporcionam um maior poder de abstração que é essencial na aprendizagem da matemática. Afinal, a matemática não é um repositório de receitas para resolver exercícios. A aprendizagem matemática passa por vários níveis: apresentação dos conceitos, interiorização e manipulação dos mesmos e, finalmente, a sua aplicação. Estas etapas são essenciais para uma boa aprendizagem. Sem dúvida, o estudo/análise das demonstrações (mesmo que sejam omitidos certos detalhes) tem a capacidade de fomentar este processo. Em relação ao ensino secundário, só gostaria de referir que não há necessidade de se apresentar muitas demonstrações, mas apenas as mais importantes. Evidentemente, alguns detalhes podem ser omitidos. O mais importante é incentivar o espírito crítico e criativo dos estudantes, estimulando a sua imaginação, bem como incutindo-lhes hábitos de análise, discussão e iniciativa na resolução de problemas.E a análise das demonstrações contribui indiscutivelmente para alcançar estes objetivos.
Lembrarei apenas que tal estudo constitui o contacto direto com uma apresentação sintética e elegante de porções relevantes da matemática já feita; dispensá-lo impede esse contacto, salvo raras exceções.
As demonstrações desempenham um papel fundamental no estabelecimento de verdades matemáticas; não nos devemos esquecer, no entanto, também do papel da intuição/raciocínios heurísticos/exemplos , nomeadamente nas demonstrações por absurdo. Tendo conhecimento de meia dúzia de procedimentos, é possível obter 10 num exame (mas não notas altas). No entanto, tais estudantes estão sujeitos a diversas rasteiras (nomeadamente provocadas por erros de cálculo). A necessidade de estudar as demonstrações deve ir aumentando à medida que se avança no nível de ensino; em certos casos (e níveis) um exemplo pode ser mais elucidativo do que uma demonstração. Parece-me, no entanto, grave que um jovem acabe o 3° ano de Matemática convencido de que a veracidade de uma proposição matemática se estabelece com alguns exemplos: temo que seja isso que esteja a acontecer; dar exemplos é útil! O que se deveria também dizer é que há sempre necessidade de uma demonstração (que pode ser omitida naquele nível de ensino).
Resposta pergunta 3
A matemática é, por natureza, uma ciência extremamente rica e bela. A sua beleza encontra-se um pouco por todo o lado. Por exemplo, ao olharmos para um simples calendário (gregoriano) é curioso constatar que está subjacente a noção de congruência módulo 7. Em muitas outras situações da nossa vida deparamo-nos com diversos conceitos matemáticos. E, de fato, fascinante constatar a importância e a presença constante da matemática nas nossas vidas. Mas, sem dúvida, o seu lado mais belo e criativo encontra-se associado à componente teórica. A teoria possibilita incentivar a imaginação e a criatividade. E que há de mais belo do que a criatividade? Ser criativo é ver para além daquilo que é apresentado... E dar mais um "passo", ir mais além, é procurar respostas e encontrar novos problemas... E caminhar em busca de novos desafios! E note-se que este processo tem vindo a repetir-se ao longo dos tempos, facultando a obtenção de respostas e gerando novos problemas. Assim, identifico a profunda beleza da matemática nesta busca contínua de respostas e esta busca insere-se no âmbito da teoria.
O que aqui se chama "teoria" é como uma obra de arte cuja contemplação só despertará sentimentos estéticos quando formos capazes de a compreendermos; a resolução de exercícios apela à nossa própria criatividade, mas num âmbito mais modesto. Assim, podemos encontrar essa beleza em ambos os campos, não se conhecendo limites para a que podemos apreciar na "teoria", ou seja, na contemplação da matemática já feita, e havendo a oportunidade essencial para saborear um pouco da "beleza do ponto de vista do artista", ainda que em porções mais limitadas, na resolução de exercícios.
A matemática foi, desde sempre, quer um meio de resolver problemas práticos quer apenas uma atividade intelectual; ao longo do seu desenvolvimento histórico, estes aspectos estiveram sempre presentes. Penso, pois, que os dois aspectos teoria/aplicações deverão sempre estar presentes. Para mim, um dos aspectos mais belos da matemática consiste no fato de teorias desenvolvidas sem nenhuma relação com aplicações virem a encontrar aplicações
Autor: Graciano de Oliveira

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